“A tradição dos oprimidos nos ensina que o ‘estado de exceção’ no
qual vivemos é a regra. Precisamos chegar a um conceito de história que
dê conta disso. Então surgirá diante de nós nossa tarefa, a de
instaurar o real estado de exceção; e graças a isso, nossa posição na
luta contra o fascismo tornar-se-á melhor. A chance deste consiste, não
por último, em que seus adversários o afrontem em nome do progresso como
se este fosse uma norma histórica. (...) O dom de atear ao passado a
centelha da esperança pertence àquele historiador que está perpassado
pela convicção de que também os mortos não estarão seguros diante do
inimigo, se ele for vitorioso. E esse inimigo não tem cessado de
vencer.”
– Walter Benjamin (“Sobre o conceito de história”, Tese VIII)
“Há um mundo que as pessoas comuns não conhecem, que se
desenvolve nas universidades, nos institutos de pesquisa, nas
associações internacionais regionais e mundiais, nos foros e nas
pós-graduações, com uma literatura imensa, que alcança proporções
siderais, de dimensão tamanha que ninguém pode dominar individualmente. É
o mundo dos criminólogos e dos penalistas. As corporações os ignoram e
quando lhes cedem algum espaço, os técnicos se expressam em seu próprio
dialeto, incompreensível para o resto dos humanos.”
– Eugenio Raúl Zaffaroni (“La Cuestión Criminal”)