quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Vencendo a procrastinação nos estudos


Quantas vezes você adiou o que tinha para fazer? Saiba que isso não é apenas um problema seu. Os brasileiros levam a fama de deixar sempre para a última hora tarefas importantes. Aquele que deixou para fazer amanhã o que poderia ter feito hoje talvez não saiba que essa atitude tão comum tem um nome: procrastinação. E o significado é bem simples, a palavra vem do latim procrastinare, que significa “encaminhar para amanhã“.

Em uma pesquisa realizada em 2011 pelo gestor do tempo Christian Barbosa, autor do livro Equilíbrio e resultado – Por que as pessoas não fazem o que deveriam fazer? (Editora Sextante), 97,4% dos brasileiros admitem deixar atividades importantes para a última hora. “A procrastinação é o ato de adiar tarefas e acontece na vida de todo mundo. Nós procrastinamos ao acordar, quando apertamos o modo soneca do despertador, quando ficamos com preguiça de lavar a louça do jantar ou quando deixamos de responder àqueles e-mails chatos. Somos propensos a deixar quase tudo para depois, mas eu diria que os assuntos pessoais são os que acabam sendo os aspectos que mais adiamos em nossas vidas” afirma o especialista Barbosa.
O estudo também apontou quais são os principais fatores que levam à procrastinação: falta de tempo, impulsividade (deixamos algo de lado para fazer outra atividade), falta de energia, medos, autossabotagem e preguiça. Além disso, o ato de adiar pode estar relacionado à busca pela perfeição, já que pessoas com essa característica tendem a preferir tarefas desafiadoras e evitam as mais simples.
Assim como muitos que estão lendo esta matéria, Cleuza Silva relata que deixa tudo para última hora. Esse comportamento já foi prejudicial. “Fiquei mais de um ano dirigindo sem carteira, só conduzindo perto de casa, e enrolo ao máximo para marcar uma consulta médica. Por ser assim, fico frustrada, ansiosa, até com raiva e decepcionada comigo”, declara. Ela confessa que já tentou mudar, mas se sente desanimada para prosseguir com seus objetivos. “Já perdi oportunidades, fiquei com dívidas, pois atrasava contas. Hoje tento ser mais organizada para combater esse mal, mas é bem difícil”, diz.
O limite da normalidadeNão há nada de errado em procrastinar de vez em quando, o problema é sempre adiar atividades que não poderiam ser deixadas para depois. Além disso, surge a culpa, a ansiedade, a baixa autoestima e a insegurança. “Alguns estudos indicam que procrastinadores são pessoas propensas à depressão. Adiar de vez em quando não mata ninguém, mas fazê-lo a toda hora pode atrasar uma vida com resultados e equilíbrio“, afirma.
A procrastinação não depende diretamente da dimensão ou do teor da tarefa, da importância da decisão ou da ação a ser realizada. Quem procrastina posterga desde tarefas banais até compromissos importantes. Para André Gellis, diretor do Centro de Psicologia Aplicada da Universidade Estadual Paulista (Unesp), há um forte medo do fracasso e de errar por trás da procrastinação. “Os procrastinadores sentem prazer em deixar tudo para o último momento. Apesar da ansiedade, do mal-estar e da culpa associada, obtém-se um ganho sinistro, uma satisfação inexplicável por essa atitude“, finaliza Gellis.
Fonte: Revista Saúde
É difícil ser procrastinador, não porque procrastinar seja difícil e sim porque suas consequências representam de verdade um problema.
Como então vencer a procrastinação?
Vamos trabalhar um processo que venha a ajudá-los nessa luta.
1 – Reconhecendo o problema
Só precisa de ajuda quem reconhece que tem um problema e se permite ajudar. Ter plena consciência de que o próprio padrão de comportamento acarreta sérios prejuízos na vida, em especial no campo profissional e na auto-estima, é fundamental para se providenciar uma solução.
Pode ser que o medo de assumir responsabilidades, obrigações (como a de passar no Exame de Ordem) ou meros riscos podem, de forma inconsciente (e isso é importante) prejudicar os nossos anseios e projetos. A isso chamamos de autossabotagem.
Quem se sabota acaba adotando atitudes prejudiciais por achar, no íntimo, que não merece ser um vencedor, ter sucesso nos próprios empreendimentos, vindo a subestimar a capacidade de lidar com os desafios e mesmo com as benesses decorrentes de eventuais vitórias.
As pessoas perdem o emprego, têm contas a pagar, mas não conseguem sentar na cadeira e estudar visando no futuro atingir uma posição social e econômica que permita satisfazer suas necessidades pessoais. Acabam adotando atitudes de fuga, como a invenção de desculpas que lhe tiram o foco. Pior do que isso, é se acharem merecedora de um descanso, exatamente para fugir da obrigação.
Auto-obrigação, diga-se de passagem.
Reconhecer o problema então é uma providência fundamental.
E aqui entramos no 2º passo: a identificação dos padrões de autossabotagem
2 – Identificando padrões
Não pretendo, neste texto, identificar as causas da autossabotagem. Impossível sabê-las sem adentrar na história e na mente da nossa de cada um.
Mas os padrões, os comportamentos que prejudicam podem ser identificados, e, uma vez conhecendo eles, podemos projetar soluções tópicas que, por si mesmas, quebrem tais padrões e, em última instância, gerem uma mudança no comportamento.
O padrão básico pode ser resumido da seguinte forma:
a) Procrastinação
b) Auto-condescendência
Sobre a procrastinação reproduzo um trecho do texto acima, que conceitua bem a questão:
A procrastinação é o ato de adiar tarefas e acontece na vida de todo mundo. Nós procrastinamos ao acordar, quando apertamos o modo soneca do despertador, quando ficamos com preguiça de lavar a louça do jantar ou quando deixamos de responder àqueles e-mails chatos. Somos propensos a deixar quase tudo para depois, mas eu diria que os assuntos pessoais são os que acabam sendo os aspectos que mais adiamos em nossas vidas” afirma o especialista Barbosa.O estudo também apontou quais são os principais fatores que levam à procrastinação: falta de tempo, impulsividade (deixamos algo de lado para fazer outra atividade), falta de energia, medos, autossabotagem e preguiça.”


Já a auto-condescendência está ligada à necessidade de estabelecer justificativas para o próprio comportamento prejudicial, MESMO que exista a percepção de prejuízo em função deste comportamento.
A dispersão nos estudos é manifesta e, mesmo assim, o padrão de fugir do ato de estudar, e mesmo ter a concentração necessária,, perdura, implicando, ao fim, em todo o pânico e medo na hora da prova. Há uma manifesta fuga da responsabilidade derivada muito provavelmente da falta de confiança e do medo.
Claro círculo vicioso e destrutivo.
O importante aqui é identificar o padrão do comportamento, de como(e quais desculpas) são usadas para se parar uma determinada atividade.
3 – Projetando soluções
Agora vem a parte complicada: como resolver esse problema?
Vamos partir da premissa de que somos seres programáveis. Dizem, e com razão, que o hábito faz o monge. E faz.
Vamos também sugerir uma sistemática pouco invasiva, algo que não agrida em excesso a fulana e que não seja traumático, radical. Tiro a conclusão, portanto, de que a solução não será imediata. Não há uma solução para ajudá-la para o próximo Exame de Ordem. O problema é sério e a solução demandará um pouco mais de trabalho e tempo.
De toda forma, claro, há solução.
O que fazer?
Vamos admitir, dentro do nosso universo, que estudar dói. Simples assim: estudar é algo incômodo e desagradável.
Podemos então começar o processo de “recuperação” admitindo isso: estudar dói!
E se dói, então é melhor estudar um pouco. Nada de sde se entregar aos estudos por horas a fio forçadamente. Isso nunca vai funcionar, e a dispersão durante o próprio ato de estudar será inevitável.
Pergunta básica: quanto tempo você consegue estudar sem perder o foco? Por uns 15 minutos? 20? É o suficiente para começar.
E este é o ponto chave no processo de recuperação: não criar grandes expectativas de imediato. Nenhuma solução será eficaz no curto prazo. Será preciso aceitar isso logo de plano e relaxar quanto a velocidade das mudanças.
Com certeza, ao abrir um livro e começar a estudar, ao menos você conseguirá, por um lapso mínimo de tempo, ler sem perder o foco.
E pronto! Missão cumprida!
“Mas só 20 minutos resolvem?”
Claro que não, mas dentro deste contexto, é alguma coisa. Estudo aquele lapso mínimo de tempo e SE PERMITA dispersar a mente com outras coisas. Se deixar de estudar é visto como uma espécie de recompensa, então se permita não estudar.
Claro! A dispersão é algo que tem um limite. Depois de relaxar, volte para os estudos e assegure o seu melhor desempenho em termos de concentração pelos mesmos 20 minutos, sem perder o ritmo.
Imagine então 4 sessões de estudos de 20 minutos em um dia. Uma hora e vinte de estudo. Muito pouco, é verdade, mas é alguma coisa. É algo com o que se trabalhar.
E aqui está o segredo: o estabelecimento de um microciclo de estudo, em que um pequeno lapso de tempo é respeitado como estudo sério, sem agredir as próprias características do estudante. O importante é retornar aos estudos de toda forma sempre que a dispersão passar, e estudar dentro de um pequeno limite com a certeza de que o estudo vai render.
Trata-se de um simples processo de auto-condicionamento: durante X tempo você estuda neste ritmo. Algo como uma semana, por exemplo. Depois, naquele ciclo de 20 minutos você acrescenta mais 5 ou 10 minutos de estudos. Assim, paulatinamente, sem se pressionar e sem agredir seu próprio padrão de comportamento, é possível criar um hábito, um condicionamento em relação aos estudos.
Acrescenta mais 10 minutos, acrescenta mais um ciclo durante o dia, e o volume de tempo estudado gradativamente irá crescendo e o tempo de dispersão, considerado aqui como uma recompensa, irá decaindo.
Leva tempo, mas é um método que não é agressivo, pois respeita os condicionamentos pré-estabelecidos, e  permite uma evolução consistente (e potencialmente duradoura) no processo de estudo.
Lembre-se: o problema tem anos já, a solução já será encontrada em uma semana ou um mês. Mas uns 3 ou 4 meses seguindo essa metodologia poderá ser, caso a progressão seja respeitada, um lapso temporal razoável para mudar seu histórico de desconcentração.
De toda forma, a mente é condicionável e, se ela é, basta estabelecer uma disciplina a ser seguida. A mente vai se amoldando às novas circunstâncias. E irá sem muito sofrimento, pois a assimilação do processo não é traumática – é suave.
4 – Mensurando resultados
 E quando será o momento de avaliar se o sistema implementado está dando ou não certo?
Acredito que em poucas semanas, 3 ou 4, já é possível verificar pequenas mudanças. Em alguns meses dá para ter certeza de que o processo está fluindo e trazendo resultados.
Mas também em alguns poucos dias você poderá perceber que não consegue de jeito nenhum implementar o sistema.
Neste caso, tentem ser ainda mais flexíveis consigo mesmos. Usem menos tempo e menos ciclos de estudo até encontrarem um ritmo  que lhes seja adequado. E, a partir daí, reiniciem o processo.
E se não der certo ainda assim? Aí é necessário passar para a última etapa.
5 – Buscando ajudas alternativas
E se tudo der errado?
De repente, quem sabe, vocês têm  uma deficiência na área de aprendizado e precisa da ajuda de um profissional. Não seria uma vergonha admitir isso. Podemos ter problemas que sequer façamos ideia.
Torna-se necessário, quando a dificuldade ganha contornos graves e a autoestima está fragilizada, de procurar um profissional específico para o tipo de problema relatado no e-mail acima.
É hora de procurar um psicopedagogo clínico.
E o que é a psicopedagogia clínica? Segue um texto que achei na web e serve para descrever bem o trabalho desses profissionais:
A Psicopedagogia é um campo de conhecimento e atuação em Saúde e Educação que lida com o processo de aprendizagem humana, seus padrões normais e patológicos, considerando a influência do meio – família, escola e sociedade – no seu desenvolvimento, utilizando procedimentos próprios.A Psicopedagogia se ocupa da aprendizagem humana, que adveio de uma demanda – o problema de aprendizagem, colocado num território pouco explorado, situado além dos limites da Psicologia e da própria Pedagogia – e evoluiu devido à existência de recursos, ainda que embrionários, para atender essa demanda, constituindo-se, assim, numa prática.Esse ramo ainda se encontra em fase de organização de um corpo teórico específico, visando à integração das ciências pedagógicas, psicológica, fonoaudiológica, neuropsicológica e psicolingüística para uma compreensão mais integradora do fenômeno da aprendizagem humana.O objeto de estudo deste campo do conhecimento é a aprendizagem humana e seus padrões evolutivos normais e patológicos.O psicopedagogo, através do diagnóstico clínico, irá identificar as causas dos problemas de aprendizagem. Para isto, ele usará instrumentos tais como, provas operatórias (Piaget), provas projetivas (desenhos), EOCA e anamnese.A Psicopedagogia Clínica tem como missão, retirar as pessoas da sua condição inadequada de aprendizagem, dotando-as de sentimentos de alta auto-estima, fazendo-as perceber suas potencialidades, recuperando desta forma, seus processos internos de apreensão de uma realidade, nos aspectos: cognitivo, afetivo-emocional e de conteúdos acadêmicos.O aspecto clínico é realizado em Centros de Atendimento ou Clínicas Psicopedagógicas e as atividades ocorrem geralmente de forma individual.
Fonte: http://www.pedagobrasil.com.br
O cerne da questão é o seguinte: o quanto vocês conhecem de si mesmo e de suas limitações?
A autocrítica em algum momento aparece mas ela pode perfeitamente não conseguir abranger e compreender na plenitude os problemas que afligem o estudante.
Vamos partir do princípio de que não sabemos de tudo.
Sendo assim, a busca por uma ajuda PROFISSIONAL, com especialistas dotados com a formação adequada, em algum momento pode ser necessária.
Quando o fracasso é reiterado, quando isso começa a destruir a autoestima, surge a necessidade de se buscar por respostas que vão além das meras técnicas de estudo. Como gostamos de dizer, “o buraco é mais embaixo.”
Quantos casos eu não conheço de candidatos que reprovam 6, 10, 15 vezes? Isso é normal? Por que uns passam de primeira ainda na faculdade e outros amargam anos tentando a aprovação? Aqueles seriam mais inteligentes ou capazes do que estes?
Talvez sim, talvez não.
Não podemos afastar de plano a existência de dificuldades não percebidas que podem solapar os esforços e os estudos. Identificar problemas de ordem emocional ou de apreensão cognitiva que se exteriorizam por meio de repetidas reprovações no Exame de Ordem pode ser a solução para um problema aparentemente insuperável.
E não é NENHUMA vergonha buscar esse tipo de ajuda. Nenhuma mesmo.
Se eu posso dar um conselho que preste, busquem primeiro descartar a existência de problemas psico-cognitivos. Eles podem existir e vocês não fazem a menor ideia disso.
Depois do diagnóstico, o psicopedagogo orientará da melhor forma possível no sentido de se superar os problemas, podendo inclusive encaminhá-los a outros profissionais, se for o caso, para controlar eventuais fobias ou medos, casos inexistam problemas de ordem cognitiva.
__________________________
Em suma: todos nós temos potenciais. Alguns tem mais dificuldades para implementar suas capacidades, mas elas estão lá, esperando para serem postas em prática.
O reconhecimento das deficiência e a noção de que a vida está sendo atrapalhada por isto é de suma importância neste processo. E isso vocês, com um pouco de honestidade, podem perceber.
Agora é hora de entrar em ação, respeitando as limitações.
Lembrem-se: vocês não vão bater de frente com elas, as limitações, vocês vão lentamente dobrá-las até elas quebrarem pela pressão exercida pelo hábito.
Com calma, se respeitando, é possível vencer a procrastinação.


 Fonte: Blog Exame de Ordem

Nenhum comentário:

Postar um comentário