quinta-feira, 10 de março de 2016

Como sustentar com consistência a concentração nos estudos?

Manter a concentração nos estudos! Esse é o objetivo principal de todo estudante.
Mas apesar de ser o sonho de todos, não são todos que conseguem manter de forma sustentada e sistemática a concentração na hora de estudar.
E quem consegue obtém para si uma vantagem imensa em relação aos demais, em especial quando falamos de concursos e vestibulares. Quanto ao exame de ordem, face ao pequeno lapso temporal para se preparar, de aproximadamente 3 meses entre uma prova e outra, manter a concentração é crucial para esgotar todo o conteúdo programático e fazer uma prova com boas chances de ser aprovado.
A concentração é fundamental para não só abordar o conteúdo a ser estudado como também para assimilá-lo de forma adequada, em conjunto com  uma estratégia de estudo. Poderíamos inclusive chamá-la de “fundamento primeiro” do estudo, tal sua importância.
Mas antes, o que é exatamente concentração?




Vocês já ouviram falar das “Funções Executivas” do cérebro? Vamos começar por aqui.
De acordo com Joaquim Fuster, professor de psiquiatria e ciências do comportamento da UCLA, as funções executivas do cérebro são consideradas como “um conjunto de funções responsáveis por iniciar e desenvolver uma atividade com objetivo final determinado”.
Conceito complicado? Aparentemente sim, mas no fundo ele quis dizer que as funções executivas representa uma capacidade de solucionar problemas (abstratos ou não) com foco em um resultado final localizado no futuro.
Entre os elementos das funções cognitivas temos o estado de alerta, atenção contínua em um ou vários objetivos, tempo de reação e a fluência e flexibilidade do pensamento. Estas habilidades servem para auxiliar na busca de soluções para uma série de problemas propostos, e aqui falo de qualquer atividade humana que exija um fim. Essas funções visam atuar no comportamento, sempre em busca de um objetivo.
Elas organizam, de forma contextual, três capacidades do cérebro: perceptiva, mnésicas e práxicas.
A capacidade perceptiva é aquela em que a função cerebral que atribui significado a estímulos sensoriais decorrentes do nosso histórico de vivências passadas. Pela percepção organizamos e interpretamos as informações colhidas pelos nossos sentidos para atribuir-lhes um significado.
A capacidade mnésica está correlacionada com a memória. É a capacidade de retermos informações e utilizá-las posteriormente.
A capacidade práxicas está correlacionada coma ação, a forma como agimos e reagimos.
Essas capacidades que favorecem a possibilidade de soluções para problemas propostos, regulando nosso o comportamento.
As capacidades perceptivas, mnésticas e práxicas são organizadas pelas funções executivas do cérebro visando a seguinte sequência:
1. eleger um objetivo específico ( estudar, por exemplo);
2. decidir pelo início ou não da tarefa;
3. estabelecer o planejamento;
4. monitorar as etapas e verificar a convergência delas com o planejado;
5. alterar tudo se for necessário para se atingir o objetivo;
6. dar sequência ou interromper o projeto;
7. avaliação do resultado final.
Fazemos isso tudo de forma natural e intuitiva, sem pensar muito nos porquês: simplesmente fazemos. Mas por detrás da nossa naturalidade em agir, há uma série de etapas e atividades muito específicas tomando forma no cérebro, e compreender essas etapas ajudar a adotar soluções.
E aqui nós estamos querendo desenvolver a concentração.
As funções executivas permitem que possamos intervir nas mais diferentes exigências cognitivas, tal como termos desejo por algo, um propósito, planejar, agir em função do planejamento e o desejo, inibir distrações, estabelecer estratégias monitorar nossa atividade e ter persistência.
E aqui chegamos a um ponto crucial: qual é o custo disso para o cérebro?
A concentração é uma das funções executivas mais difíceis de sustentar! E é difícil porque envolve um custo fisiológico, e isso gera desgaste orgânico.
Ademais, quantos mais elementos o cérebro precisa lidar maior o desgaste e maiores são as chances da concentração ser perdida, ou, quanto mais complexa for uma atividade também a chance de perder o foco aumenta.
Eis o ponto: como sustentar o processo de concentração nos estudos?
1) dê ao cérebro pequenos intervalos de descanso
Assuma o fato, e ele tem causa de ordem fisiológica, que em determinado momento você vai perder o foco, e perderá porque ele faz parte de um processo natural de desgaste (cansaço) do cérebro. Desviando o foco por alguns instantes para uma atividade aleatória qualquer, o cérebro descansa e por voltar para mais uma “sessão de concentração”, atendendo ao objetivo inicialmente estabelecido, ou seja, estudar.
Mas antes é preciso conhecer alguns parâmetros, como por exemplo quanto tempo você consegue ficar estudando sem perder o foco; quanto tempo de intervalo é necessário para recuperar o cérebro; qual o período total de estudo que deve ser empregado ao longo de um único dia.
Cada organismo trabalha de forma diferente. Conheço pessoas com grande capacidade de concentração, algo natural nelas.  Outras, entram em um processo de dispersão com muita velocidade. Se conhecer é o primeiro passo.
O segundo é compreender o fenômeno da plasticidade cerebral e entender que o cérebro pode ser trabalhado ao longo do tempo para atender a maiores demandas de concentração.
Ler o post: Um pouco sobre o conceito de plasticidade cerebral e o início de um projeto de estudos
O terceiro é atuar, de forma deliberada, em busca do estabelecimento de um padrão de estudo, com monitoramento dos intervalos em que a concentração é exercida visando, exatamente, alongar esse prazo, sempre intercalando-o com intervalos de descanso.
Imaginemos aqui que uma pessoa consiga estudar por 15 minutos mantendo um estado adequado de concentração, e que precise de 20 minutos de descanso antes de retomar o processo de estudo, fazendo-o em 3 ou 4 sessões seguidas e diárias. Com o tempo, se o estudo for regularmente seguido, a pessoa idealizada conseguirá lentamente, acrescentando uns 5 minutos a cada 2 semanas, por exemplo, ao processo de estudo e retirando uns poucos minutos durante o processo de descanso.
Aqui entra o conceito da plasticidade cerebral, pois nosso cérebro é capaz de se modificar caso seja exposto a um estímulo constante e regular.
Ou seja, é possível trabalhar o desenvolvimento da capacidade de se concentrar, desde que haja um método para tal, além da compreensão do que se está fazendo e qual o objetivo a ser atingido.
2) reduza o volume de estímulos
Internet, whatsapp, facebook, twitter, instagran, vizinhos, parentes, achegados e namorados. Tudo isso, e muitas outras coisas, representam fontes de perturbação ao processo de concentração.
Não posso aqui descrever tudo o que retira a concentração, mas cada pessoa sabe bem o que lhe atrapalha.  Eliminar esses fatores é importante pois o desgaste do cérebro aumenta na medida em que ele tem de processar mais elementos. O cansaço e na subsequente perda de foco é uma resposta neurofisiológica do cérebro ao processar muitas informações.
Por isso professores sempre aconselham, como local de estudo, um lugar calmo, sem fontes extras de barulho ou distrações de ordem visual.
A distração é uma resposta a um desgaste. Não ignore-a!
3) mantenha a constância
Estudar deve ser uma atividade prazerosa,e por isso mesmo, em especial no começo da implantação do projeto de estudos, não tente “força a amizade”. Ninguém vai de verdade começar estudando 8 horas por dia. Não dá certo!
Ter a consciência de que não é preciso ir além, de fazer algo em excesso. Um longo tempo de estudo diário depende de um processo prévio de condicionamento. Vá com calma, dê tempo ao tempo e seja PERSISTENTE. Não permita que a ansiedade faça-o queimar etapas, pois isto vai atrapalhá-lo no futuro.
Não sei quanto tempo leva até alguém conseguir se concentrar – e estudar –  por muito tempo, pois cada organismo tem seu padrão de adaptação, mas em regra é um processo demorado que irá consumir alguns meses. Aceite o fato de que 4 ou 5 meses é um tempo razoável para se chegar a um estágio adequado de concentração.
Muito bem! Que tal começar o processo de condicionamento?
Comece com pouco, mas comece. O tempo, e um pouco de metodologia, farão o resto por você!


Fonte: Blog Exame de Ordem

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