Manter a concentração nos estudos! Esse é o objetivo principal de todo estudante.
Mas
apesar de ser o sonho de todos, não são todos que conseguem manter de
forma sustentada e sistemática a concentração na hora de estudar.
E
quem consegue obtém para si uma vantagem imensa em relação aos demais,
em especial quando falamos de concursos e vestibulares. Quanto ao exame
de ordem, face ao pequeno lapso temporal para se preparar, de
aproximadamente 3 meses entre uma prova e outra, manter a concentração é
crucial para esgotar todo o conteúdo programático e fazer uma prova com
boas chances de ser aprovado.
A
concentração é fundamental para não só abordar o conteúdo a ser
estudado como também para assimilá-lo de forma adequada, em conjunto com
uma estratégia de estudo. Poderíamos inclusive chamá-la de “fundamento
primeiro” do estudo, tal sua importância.
Vocês já ouviram falar das “Funções Executivas” do cérebro? Vamos começar por aqui.
De
acordo com Joaquim Fuster, professor de psiquiatria e ciências do
comportamento da UCLA, as funções executivas do cérebro são consideradas
como “um conjunto de funções responsáveis por iniciar e desenvolver uma atividade com objetivo final determinado”.
Conceito
complicado? Aparentemente sim, mas no fundo ele quis dizer que as
funções executivas representa uma capacidade de solucionar problemas
(abstratos ou não) com foco em um resultado final localizado no futuro.
Entre
os elementos das funções cognitivas temos o estado de alerta, atenção
contínua em um ou vários objetivos, tempo de reação e a fluência e
flexibilidade do pensamento. Estas habilidades servem para auxiliar na
busca de soluções para uma série de problemas propostos, e aqui falo de
qualquer atividade humana que exija um fim. Essas funções visam atuar no
comportamento, sempre em busca de um objetivo.
Elas organizam, de forma contextual, três capacidades do cérebro: perceptiva, mnésicas e práxicas.
A
capacidade perceptiva é aquela em que a função cerebral que atribui
significado a estímulos sensoriais decorrentes do nosso histórico de
vivências passadas. Pela percepção organizamos e interpretamos as
informações colhidas pelos nossos sentidos para atribuir-lhes um
significado.
A capacidade mnésica está correlacionada com a memória. É a capacidade de retermos informações e utilizá-las posteriormente.
A capacidade práxicas está correlacionada coma ação, a forma como agimos e reagimos.
Essas capacidades que favorecem a possibilidade de soluções para problemas propostos, regulando nosso o comportamento.
As
capacidades perceptivas, mnésticas e práxicas são organizadas pelas
funções executivas do cérebro visando a seguinte sequência:
1. eleger um objetivo específico ( estudar, por exemplo);
2. decidir pelo início ou não da tarefa;
3. estabelecer o planejamento;
4. monitorar as etapas e verificar a convergência delas com o planejado;
5. alterar tudo se for necessário para se atingir o objetivo;
6. dar sequência ou interromper o projeto;
7. avaliação do resultado final.
Fazemos
isso tudo de forma natural e intuitiva, sem pensar muito nos porquês:
simplesmente fazemos. Mas por detrás da nossa naturalidade em agir, há
uma série de etapas e atividades muito específicas tomando forma no
cérebro, e compreender essas etapas ajudar a adotar soluções.
E aqui nós estamos querendo desenvolver a concentração.
As
funções executivas permitem que possamos intervir nas mais diferentes
exigências cognitivas, tal como termos desejo por algo, um propósito,
planejar, agir em função do planejamento e o desejo, inibir distrações,
estabelecer estratégias monitorar nossa atividade e ter persistência.
E aqui chegamos a um ponto crucial: qual é o custo disso para o cérebro?
A concentração é uma das funções executivas mais difíceis de sustentar! E é difícil porque envolve um custo fisiológico, e isso gera desgaste orgânico.
Ademais,
quantos mais elementos o cérebro precisa lidar maior o desgaste e
maiores são as chances da concentração ser perdida, ou, quanto mais
complexa for uma atividade também a chance de perder o foco aumenta.
Eis o ponto: como sustentar o processo de concentração nos estudos?
1) dê ao cérebro pequenos intervalos de descanso
Assuma
o fato, e ele tem causa de ordem fisiológica, que em determinado
momento você vai perder o foco, e perderá porque ele faz parte de um
processo natural de desgaste (cansaço) do cérebro. Desviando o foco por
alguns instantes para uma atividade aleatória qualquer, o cérebro
descansa e por voltar para mais uma “sessão de concentração”, atendendo
ao objetivo inicialmente estabelecido, ou seja, estudar.
Mas
antes é preciso conhecer alguns parâmetros, como por exemplo quanto
tempo você consegue ficar estudando sem perder o foco; quanto tempo de
intervalo é necessário para recuperar o cérebro; qual o período total de
estudo que deve ser empregado ao longo de um único dia.
Cada
organismo trabalha de forma diferente. Conheço pessoas com grande
capacidade de concentração, algo natural nelas. Outras, entram em um
processo de dispersão com muita velocidade. Se conhecer é o primeiro
passo.
O
segundo é compreender o fenômeno da plasticidade cerebral e entender
que o cérebro pode ser trabalhado ao longo do tempo para atender a
maiores demandas de concentração.
O
terceiro é atuar, de forma deliberada, em busca do estabelecimento de
um padrão de estudo, com monitoramento dos intervalos em que a
concentração é exercida visando, exatamente, alongar esse prazo, sempre
intercalando-o com intervalos de descanso.
Imaginemos
aqui que uma pessoa consiga estudar por 15 minutos mantendo um estado
adequado de concentração, e que precise de 20 minutos de descanso antes
de retomar o processo de estudo, fazendo-o em 3 ou 4 sessões seguidas e
diárias. Com o tempo, se o estudo for regularmente seguido, a pessoa
idealizada conseguirá lentamente, acrescentando uns 5 minutos a cada 2
semanas, por exemplo, ao processo de estudo e retirando uns poucos
minutos durante o processo de descanso.
Aqui
entra o conceito da plasticidade cerebral, pois nosso cérebro é capaz
de se modificar caso seja exposto a um estímulo constante e regular.
Ou
seja, é possível trabalhar o desenvolvimento da capacidade de se
concentrar, desde que haja um método para tal, além da compreensão do
que se está fazendo e qual o objetivo a ser atingido.
2) reduza o volume de estímulos
Internet,
whatsapp, facebook, twitter, instagran, vizinhos, parentes, achegados e
namorados. Tudo isso, e muitas outras coisas, representam fontes de
perturbação ao processo de concentração.
Não
posso aqui descrever tudo o que retira a concentração, mas cada pessoa
sabe bem o que lhe atrapalha. Eliminar esses fatores é importante pois o
desgaste do cérebro aumenta na medida em que ele tem de processar mais
elementos. O cansaço e na subsequente perda de foco é uma resposta
neurofisiológica do cérebro ao processar muitas informações.
Por
isso professores sempre aconselham, como local de estudo, um lugar
calmo, sem fontes extras de barulho ou distrações de ordem visual.
A distração é uma resposta a um desgaste. Não ignore-a!
3) mantenha a constância
Estudar
deve ser uma atividade prazerosa,e por isso mesmo, em especial no
começo da implantação do projeto de estudos, não tente “força a
amizade”. Ninguém vai de verdade começar estudando 8 horas por dia. Não
dá certo!
Ter
a consciência de que não é preciso ir além, de fazer algo em excesso.
Um longo tempo de estudo diário depende de um processo prévio de
condicionamento. Vá com calma, dê tempo ao tempo e seja PERSISTENTE. Não
permita que a ansiedade faça-o queimar etapas, pois isto vai
atrapalhá-lo no futuro.
Não
sei quanto tempo leva até alguém conseguir se concentrar – e estudar –
por muito tempo, pois cada organismo tem seu padrão de adaptação, mas
em regra é um processo demorado que irá consumir alguns meses. Aceite o
fato de que 4 ou 5 meses é um tempo razoável para se chegar a um estágio
adequado de concentração.
Muito bem! Que tal começar o processo de condicionamento?
Comece com pouco, mas comece. O tempo, e um pouco de metodologia, farão o resto por você!
Fonte: Blog Exame de Ordem
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